terça-feira, 27 de março de 2012

50º ANIVERSÁRIO DO DIA MUNDIAL DO TEATRO - 27 de Março de 2012

Imagem do Blog do Morumbi
O Dia Mundial do Teatro foi criado, em 1961, pelo Instituto Internacional de Teatro, ligado à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

A primeira mensagem do Dia Mundial do Teatro foi escrita pelo escritor e dramaturgo francês Jean Cocteau em 1962. Em 2009, foi escrita pelo dramaturgo brasileiro Augusto Boal. Em 2010, por Dame Judi Dench (Inglaterra). E no ano passado, 2011, pela africana Jessica Atwooki Kaahwa.
 
Este ano a mensagem foi escrita pelo conhecido ator, encenador, argumentista e realizador norte-americano John Malkovich:

«Fico honrado por o ITI - Instituto Internacional do Teatro me ter pedido para fazer este discurso comemorativo do 50º aniversário do Dia Mundial do Teatro. Vou então dirigir estes breves comentários aos meus companheiros de teatro, meus pares e meus camaradas.

"Que o vosso trabalho possa ser apaixonante e original. 
"Que ele possa ser profundo, comovente, contemplativo, e único. 
"Que ele nos ajude a reflectir sobre a questão do que significa ser humano, e que esta reflexão seja guiada pelo coração, sinceridade, candura, e charme. 
"Que consigam ultrapassar a adversidade, a censura, a pobreza e o niilismo, que muitos de entre vós serão obrigados a enfrentar. 
"Que sejam abençoados com o talento e rigor para nos ensinar sobre o batimento do coração humano, em toda a sua complexidade, e com a humildade e curiosidade que faça disto o trabalho da vossa vida.
"E que o melhor de vós próprios - porque só poderá ser o melhor de vós próprios , e mesmo assim apenas em raros e breves momentos – consiga definir a mais fundamental questão “como vivemos nós?”»
 

Profissões no Teatro

Para que uma peça seja levada à cena e a ela possamos assistir com tanto prazer, são necessários o trabalho e dedicação de dezenas de profissionais das mais variadas áreas. Todos eles são muito importantes para que o espetáculo se realize.
Só a título de exemplo, aqui vão indicados alguns dos principais profissionais que participam na criação de um espetáculo teatral:

 Atores - São os Intérpretes dramáticos. 

Solista - Intérprete instrumental ou vocal de uma obra musical

Cantores - São os  Intérpretes vocais. 

Bailarinos - Em regra, na ópera, são contratados para cada produção específica e consoante as necessidades do espectáculo. 

Figurantes  - São estudantes de Canto, Teatro ou Dança e que fazem figuração e pequenos papéis. Os figurantes, regra geral, não cantam, falam ou dançam. 
  
Coro - É o conjunto de interpretes vocais de suporte a uma ópera ou obra musical. 
 
Maestro - É o director musical, é ele quem estabelece as regras, tempos e o carácter musical da obra que se irá interpretar. 
 
Músicos - Podem pertencer a uma orquestra, conjunto ou actuar a solo. Interpretam instrumentalmente a obra musical. 

Encenador - É a pessoa que encena o espectáculo. É a pessoa com mais importância na pirâmide, sendo o criador e responsável pela criação artística, Competem-lhe as decisões da escolha do elenco, dos outros criativos que em conjunto irão criar o espectáculo. É da sua responsabilidade a criação do espectáculo até ao ensaio geral, é ele quem marca a encenação, as entradas dos artistas em cena, as mudanças de cena, o intervalo, etc. Depois do ensaio geral, esta responsabilidade passa para o director de cena

Dramaturgo  - É a pessoa que escreve o texto dramático, vulgarmente chamado também de autor. 

Sonoplasta/sound designer - Criador da banda musical do espectáculo.

Aderecista - É o responsável pela concepção e execução dos adereços de cena (por exemplo, coroas, máscaras, flores, etc.). 

Cenógrafo - Criador da cenografia (que é a arte, técnica e ciência de projetar e executar a instalação de cenários para espetáculos teatrais ou cinematográficos)
Coreógrafo - Criador da coreografia (que é a arte de compor trilhas ou roteiro de movimentos que compõem uma dança).
 
Figurinista - A pessoa que cria e concebe (por vezes em conjunto com a mestra de guarda-roupa) os figurinos do espectáculo. 
 
lIuminador/luminotécnico/light designer - Criador da iluminação. 
 
Ponto -  Está escondido, seguindo o texto e dando deixas aos actores no caso de eles se esquecerem de partes do texto, essencialmente. Apoia durante os ensaios a memorização do texto por parte dos actores. 
 






JOÃO BASTOS - UM ESCRITOR TEATRAL


“Cantiga da Rua” e João Bastos

Da autoria do escritor João Bastos (1883-1957), quem desconhece estes versos singelos e cativantes que a música do maestro António Melo transformou em canção, e que a voz de Milú e de inúmeros outros artistas portugueses tem perpetuado ao longo dos anos?


“ CANTIGA DA RUA

“A cantiga popular ao passar
Todos a julgam banal e afinal
Vai sorrindo à própria dor
Dizendo em trovas de amor
O seu destino fatal

Cantiga da rua, das outras diferente
Nem minha nem tua, é de toda a gente
Cantiga da rua, jamais se habitua
Aos lábios de alguém
Vive independente
É de toda a gente
Não é de ninguém.

A pobreza é mais feliz, porque diz
em voz alta o seu pensar, a cantar
E é à rua que ela vem
como fôra à própria mãe
As suas mágoas contar

Cantiga da rua, veloz andorinha
Não pode ser tua, e não será minha
Cantiga da rua que sobe, flutua
E não se detém
Inconstante e louca
Vai de boca em boca
Não é de ninguém”

Nascido em Lisboa, em Novembro de 1883, João Bastos foi um escritor teatral de grande valor, encontrando-se o seu nome associado a algumas das melhores peças do teatro ligeiro português.

Autor de fecundo e brilhante trabalho, no decurso de cerca de 40 anos de intensa actividade escreveu, sozinho e em parceria, mais de cem peças de todos os géneros, que obtiveram enorme sucesso junto do público e que causam, ainda hoje, admiração e boa disposição a todos quantos, com renovado prazer, têm a oportunidade de a elas assistir.

Da sua pena nasceram as peças "O Costa do Castelo" - de que faz parte a famosa "Cantiga da Rua" - "A Menina da Rádio", "O Noivo das Caldas", "Varanda dos Rouxinóis", "O Menino da Luz" e "O Escorpião", entre muitas outras.

A partir de 1912 formou, com Ernesto Rodrigues e Félix Bermudes, aquela que ficou conhecida como a "Parceria de Lisboa", autora de revistas, operetas, fantasias e argumentos de enorme sucesso, como "O Leão da Estrela", "João Ratão", "Vida Nova", "Conde Barão", "O Amigo de Peniche", "De Capote e Lenço", etc.

Colaborou também com muitos outros escritores teatrais, entre os quais, Xavier da Silva, Álvaro Cabral, André Brun, Henrique Roldão, Bento de Faria, Luiz Galhardo, Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães, Pereira Coelho, Hermano Neves, e Lino Ferreira.

Comédias como "O Costa do Castelo", "A Menina da Rádio" e "O Leão da Estrela" (esta última escrita de parceria com Ernesto Rodrigues e Félix Bermudes), deram origem a filmes, realizados por Arthur Duarte - com actuações brilhantes de António Silva, Maria Matos, Milú, Maria Eugénia, Curado Ribeiro, Hermínia Silva, Laura Alves, Artur Agostinho, e tantos outros talentosos actores - que, ainda hoje, a todos divertem e entusiasmam, pela crítica pertinente, humor sagaz e tiradas espirituosas. Canções como "Cantiga da Rua" e fados como "Madragoa" e o "Fado do Ganga" continuam a ser interpretados pelos nossos melhores artistas e acolhidos com imenso agrado.
Foi condecorado, em 27-07-1925, pelo Presidente da República Manuel Teixeira Gomes, com a comenda de Santiago da Espada, e participou, como sócio fundador, da Sociedade Portuguesa de Autores, de cujo Conselho Fiscal foi presidente de 1925 a 1937.

Em 1935, João Bastos partiu para o Brasil com o actor Procópio Ferreira, e aí teve larga actividade como adaptador, empresário, cronista na rádio, etc..

No dia 11 de Julho de 1970, a Câmara Municipal de Lisboa descerrou a placa toponímica que baptiza uma das artérias desta cidade com o nome de Rua João Bastos.

Sem comentários: