A Florinha é uma menina muito morena, de olhos e cabelos castanhos, que vive numa vivenda com um lindo jardim à volta. Ela gosta muito de malmequeres, por isso o jardineiro, o senhor Cravo, faz questão de ter sempre um canteiro com aquelas flores muito bem cuidadas, para alegria da Florinha que logo pela manhã vai ao jardim dar os bons dias a todas as flores, deixando para último lugar a visita aos malmequeres, junto dos quais permanece muito tempo.
Os malmequeres orgulham-se da Florinha, porque ela é muito boazinha e trata-os com carinho.
Quando ela chega muito bem penteada, de lacinho no cabelo a condizer com o vestido vaporoso, comentam entre si a beleza da menina e sentem-se orgulhosos por ela ser tão amiga deles.
O Boby, fiel companheiro e amigo da Florinha, adora-a e, porque sabe do carinho que ela tem pelos malmequeres, não permite, seja a quem for, que se aproxime daquele canteiro, salvo o senhor Cravo, pois esse, o Boby sabe que só ali vai, para o cuidar.
A Florinha gosta de bonecas e faz lindas roupinhas para elas.
Uma vez, era Inverno, Florinha estava a fazer um vestido para uma das suas bonecas, lembrou-se que o Boby também devia sentir frio e, coitadinho, não tinha nenhum agasalho. Dali a imaginar uma linda capa para o amigo, foi um instante e em pouco estava a braços com a tarefa que, quando ficou concluída, além de muito bem feitinha, assentou perfeitamente no seu cão.
A Florinha tem também um gatinho, o Taky que se encheu de ciúmes quando viu o Boby com a linda capa e, enquanto não teve uma para si, não parou de miar.
Devido a tantas tarefas, a Florinha esteve alguns dias sem visitar as amigas flores que ficaram tristíssimas. Sobretudo os malmequeres que um após outro foram murchando.
O senhor Cravo, preocupado e sem saber que fazer - uma certeza ele tinha: não era por falta de serem cuidados com dedicação, que os malmequeres assim estavam - resolveu chamar o senhor Rosa, floricultor com grande sabedoria, que de certo iria descobrir a origem da doença.
O senhor Rosa, como habitualmente fazia, logo que foi chamado, compareceu e, depois de um excelente exame, não encontrou justificação para o acontecido, pelo que, à cautela, retirou uma porção de terra que levou para o laboratório a fim de ser analisada.
No dia seguinte, a Florinha que já não aguentava mais as saudades, foi ao jardim visitar as flores, mas ficou desolada ao chegar perto dos malmequeres.
O senhor Cravo dirigiu-se logo à menina, para a informar das diligências que fizera junto do floricultor e também para lhe pedir, que não pensasse que tinha descuidado o tratamento daquele canteiro. Todavia, ela estava tão triste, que não ouviu o jardineiro e, ao mesmo tempo que falava com as flores e as acariciava, as lágrimas caíam-lhe pela face.
O senhor Cravo não sabia que fazer para animar a menina e começou a ficar muito preocupado, mas, tal não foi a sua surpresa, quando dali a pouco os malmequeres começaram a endireitar-se e a ficar viçosos como se nada lhes tivesse acontecido.
Uns dias depois apareceu de novo o senhor Rosa com o resultado da análise que era satisfatório, pelo que não compreendia o que se estava a passar. Estava, por isso, ali, para colher novas amostras de terra, já que queria repetir a análise.
O senhor Cravo informou-o, nessa altura, da mudança de estado dos malmequeres, quando, após uns dias de ausência, a Florinha voltou a visitá-los.
- Pronto! Aí está a resposta - disse o senhor Rosa, satisfeito - Já não é necessário repetir a análise.
As flores são como as pessoas; gostam de se sentir acompanhadas e acarinhadas. O senhor Cravo deve recomendar à Florinha que não deixe de vir visitar os malmequeres todos os dias, ainda que seja por pouco tempo.
A Florinha nunca mais passou um dia sem visitar as suas flores e os malmequeres ficaram viçosos para sempre.
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