terça-feira, 14 de agosto de 2012

AGOSTO EM LISBOA, poesia de Maria da Fonseca


Pintura de Evelina Coelho


Andamos como formigas
A acarretar para casa,
Enquanto a cigarra canta
Devido ao calor que a abrasa.
 
Querem todos ir de férias
E fugir desta cidade.
Vejo os pombos sequiosos.
Apesar da liberdade,
 
Procuram as poças de água
Da rega do meu jardim,
Para matarem a sede,
Mesmo aqui ao pé de mim.

À medida que avança,
A tarde quente emudece.
Já não se escuta a cigarra
Nem qualquer ave aparece.
 
‘Stamos na hora da sesta
Que a todos no V’rão convida
A remansear um pouco
Nesta Lisboa florida.
 
Eu sempre te quero muito
Em todas as estações,
Para mim bem definidas,
Cheias de recordações.

Mais nossa, mais acessível,
Temos agora a cidade.
Lindo o Agosto em Lisboa.
Longe de ti, só saudade!