terça-feira, 10 de março de 2020

O BONÉ DO TÓ MANÉ - poema de Ilona Bastos


Retrato de Camille Roulin, por van Gogh (1888).
 Museu van Gogh, Amsterdão.


O Tó Mané tem um boné
Que usa sempre, durante o dia.
Corre o Mané e faz banzé,
Gritando alto com alegria.

O vento vem e sopra forte,
Rodopiando, rouba o boné.
Chora o Mané e faz banzé
E só suspira: Que triste sorte!


Pelo jardim, foge o boné,
Até a um ninho ele ir parar.
Pula o Mané e faz banzé,
O seu boné tem que salvar!

O passarinho leva um susto,
As asas bate, voa o boné.
Tomba o Mané e faz banzé,
Põe-se de pé a grande custo.


Sobre o telhado paira o boné
Como bandeira a se agitar.
Geme o Mané e faz banzé,
Salta que salta pr’a lhe chegar.

Desamparado, o boné cai
Pela conduta da chaminé.
Berra o Mané e faz banzé,
Desiludido, para casa vai.


E conta à mãe: O meu boné
Fugiu, voou, levou-o o vento,
Caiu, depois, pela chaminé,
Triste ficou meu pensamento.


Tomando o filho pela sua mão,
Foram ao quarto do Tó Mané,
E na lareira lá estava o boné
Enfarruscado, cor de carvão.


Surpreendido, o Tó Mané
Beijava a mãe e até sorria.
Brinca o Mané, já sem banzé,
Usa o boné com alegria.


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