quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O ELÉCTRICO DE NATAL, história de Ilona Bastos


- Olha o eléctrico! Olha o eléctrico! - gritou o menino, excitado.
E a mãe espantou-se:
- Qual é a admiração, Júlio? Eléctricos há muitos!
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Mas o rapaz, agitado, puxava a mãe pelo braço, ao longo da Rua dos Fanqueiros.
- Quero ir no eléctrico!
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A mãe voltou-se e compreendeu. Todo engalanado de luzes e decorações natalícias, o eléctrico amarelo evoluía pela rua fora como um brinquedo gigante saído de um conto de fadas.
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O som dos cânticos de Natal invadia a rua, alegrando as pessoas que entravam e saíam das lojas, também elas enfeitadas para a quadra festiva.
O menino não hesitou quando o carro passou junto dele, e, de um salto, arrastou a mãe para o veículo, tropeçando nos degraus.
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Lá dentro, uma claridade especial fez mãe e filho piscarem os olhos, enquanto o palhaço Aboborinha os convidava a sentarem-se, com patuscos gestos das suas mãos enluvadas. O guarda-freio, que era o Pai Natal, acenou-lhes, satisfeito.
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Espreitando pela janela emoldurada de branco, parecia a cidade coberta de neve. E dentro da carruagem os bancos de madeira envernizada brilhavam com o esplendor dos arraiais.
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Os palhaços contavam anedotas, torcendo a boca pintada, em enormes gargalhadas. O Júlio ria, também, como que hipnotizado. A mãe, olhando em redor, sentia-se novamente menina, feliz, ansiando pelos presentes que o Menino Jesus deixaria junto à chaminé.
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Lâmpadas de todas as cores salpicavam a noite, formando desenhos de anjos, laços e azevinhos esvoaçantes e, ao fim de tantos anos, as velhas ruas da baixa lisboeta voltavam a surgir à mãe do Júlio como caminhos encantados, onde todos eram felizes e só a Alegria e o Amor imperavam.
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Na Praça do Comércio, o eléctrico parou, e os palhaços, com grandes acenos e sorrisos, despediram-se dos passageiros, entregando-lhes, à saída, um presentinho surpresa.
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- Feliz Natal! Feliz Natal! - entoavam as crianças e o Pai Natal.
- Festas Felizes! Festas Felizes! - cantavam o Júlio e a mãe.
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E aquelas palavras, repetidas vezes sem fim, soavam como badaladas de um sino em dia de festa.
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O Júlio voltou a agarrar o braço da mãe, desta vez para a levar até uma loja de brinquedos, onde um Pai Natal risonho guiava as suas renas pelo azul dos céus.
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A mãe seguiu o filho contrariada, sem desprender o olhar do eléctrico de Natal, onde um novo grupo de crianças iniciava o seu passeio.
Malicioso, o Júlio soltou uma gargalhada:
- Então, mãe! Eléctricos há muitos!


De 2 a 20 de Dezembro, em Lisboa, o  Eléctrico de Natal da Carris transportará os mais novos em viagens natalícias cheias de surpresas e momentos inesquecíveis.
O passeio é gratuito e realiza-se mediante inscrição das respectivas escolas. 
O Eléctrico de Natal funciona de segunda a sexta-feira, das 9H30 às 17H00, e aos sábados das 10H00 às 11H00.




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