sexta-feira, 12 de agosto de 2011

HINO DE AMOR, poesia de João de Deus

Imagem da Internet


Andava um dia
Em pequenino,
Nos arredores
De Nazaré,
Em companhia
De São José,
O Deus-Menino,
O Bom Jesus.
Eis senão quando
Vê num silvado
Andar piando
Arrepiado
E esvoaçando
Um rouxinol,
Que uma serpente
De olhar de luz
Resplandecente
Como a do sol,
E penetrante
Como diamante,
Tinha atraído,
Tinha encantado.

Jesus, doído
Do desgraçado
Do passarinho,
Sai do caminho,
Corre apressado,
Quebra o encanto;
Foge a serpente;
E de repente
O pobrezinho,
Salvo e contente,
Rompe num canto
Tão requebrado,
Ou antes pranto
Tão soluçado,
Tão repassado
De gratidão,
Duma alegria,
Uma expansão,
Uma veemência,
Uma expressão,
Uma cadência,
Que comovia
O coração!


Jesus caminha,
No seu passeio;
E a avezinha
Continuando
No seu gorjeio,
Enquanto o via:
De vez em quando
Lá lhe passava
À dianteira,
E mal pousava,
Não afrouxava
Nem repetia,
Que redobrava
De melodia!

Assim foi indo
E o foi seguindo.
De tal maneira
Que noite e dia
Numa palmeira,
Que havia perto
Donde morava
Nosso Senhor
Em pequenino,
(Era já certo)
Ela lá estava
A pobre ave
Cantando o Hino
Terno e suave
Do seu amor
Ao Salvador!



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