sexta-feira, 12 de setembro de 2025
PÃOZINHO DE CADA DIA - Poema de Maria da Fonseca

PÃOZINHO DE CADA DIA
Grande demais a migalha Que o pardal debicava.Rápido e perseveranteO seu filho alimentava.
O pequeno, o bico abriaDando às asas, ansioso,Para receber do paiPãozinho delicioso.
A cena era comoventeE feliz eu me sentiPor podê-la observar,No momento estar ali.
Mas os pombos não deixaram E um, em vôo rasante,Apanhou-lhes a migalhaLevando-a, pois de rompante.
Na linda tarde de verão Não vi que houvesse luta.As aves bicando o chão Retomaram a labuta.
Maria da Fonseca
quarta-feira, 10 de setembro de 2025
OU ISTO OU AQUILO - Poema de Cecília Meireles
Ou Isto ou Aquilo
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Cecília Meireles
sexta-feira, 5 de setembro de 2025
O TIM E A PIZZA - Poema de Ilona Bastos
O TIM E A PIZZA
O cãozinho Tim tem pelo dourado,
longas orelhas e olhar animado.
Acha-se esperto e sabichão,
não ouve os conselhos que os outros lhe dão!
Na Passagem do Ano, o Tim desejava
uma bela pizza que a família jantava.
Rondava a mesa, de nariz no ar,
e com a patinha chamava, a ladrar.
Erguia o focinho, mas diziam-lhe: — Não!
A pizza não é comida de cão!
E eis que lançaram foguetes, lá fora!
A família correu a espreitar, sem demora.
Os pais e os filhos, todos à janela,
sorriam, olhando a estrela mais bela.
No centro da mesa, redonda, cheirosa,
lá ficou a pizza, quente e saborosa!
O queijo, o fiambre, o tomate docinho...
Que delicioso odor sentia o cãozinho!
O Tim só pensava, sentado no chão:
– Parece-me que a pizza é comida de cão!
Abanou a cauda e ladrou: – Está na hora!
Que rico petisco vou comer agora!
Saltou para a mesa, e a pizza mordeu,
levou-a para um canto e logo a comeu.
Lambeu o focinho, todo satisfeito,
pois estava orgulhoso do que tinha feito.
Voltou a família e, espantada, gritou:
– Oh!... Como é que a pizza daqui voou?
Com ar inocente, o Tim bem fingia
e, da sua malandrice, nada dizia.
Já noite bem escura, o Tim acordou.
A barriguinha doía, e o cãozinho chorou.
Todo enrolado, sobre o colchão,
desanimado, pedia: – Mais pizza, não!
Sentia tristeza, estava arrependido
por a grande pizza ele ter comido.
A família ouviu-o e veio ajudar,
trazendo um remédio para o curar.
Ficou junto dele e o acompanhou.
Deu-lhe um grande abraço que o animou.
– Querido cãozinho – disseram, baixinho.
– Já vais melhorar e não estás sozinho!
O Tim, nessa noite, aprendeu a lição:
Ao que a família diz é preciso atenção!
Ouvir quem nos ama é tão importante
como um abraço reconfortante.
Afinal, a família sempre tinha razão:
A pizza não é comida de cão!
Ilona Bastos