quinta-feira, 29 de julho de 2010

AS CIGARRAS, poesia de Maria da Fonseca



Vocês gostam de calor

Olhem que eu não tanto assim.

Fujo pra casa agastada,

Nem olho pró meu jardim.


O vosso cantar estridente

É prenúncio de quentura.

Ó cigarra cantadeira,

A formiga te censura.


Sem pensar no frio Inverno

Passas o Verão a cantar

Em vez de guardar sustento

Prós filhos alimentar.


Terá La Fontaine razão

Na fábula que criou?

Eu sinto-me a formiga

Que arrecada o que achou.


Queima o Sol na varanda

Enquanto eu estendo a roupa

E tu cantas, cantas sempre,

Agora que faço a sopa.


O Senhor nos fez assim

Cada um com uma missão

E à cigarra destinou

Que cantasse no Verão.





Sem comentários: