sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A FORMIGA MÁGICA, história da Avómi

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O Senhor Tigre tinha acabado de banhar-se no rio e decidira dar um passeio, aproveitando a sombra das árvores enormes que havia ao longo das margens. O sol estava quentíssimo, por isso tinha que procurar desviar-se dele, ou dali a pouco teria que voltar ao rio para se banhar de novo.

Mal começou a andar, o Senhor Tigre sentiu uma impressão numa pata.

- Mau! - disse o Tigre, arreliado - Ainda agora comecei o passeio e já estas ervas daninhas estão a meter-se comigo. Não estou a achar graça nenhuma! Que mania têm de fazer-me cócegas nas patas!

À medida que o Senhor Tigre ia andando a impressão ia aumentando. A dado momento, deixou de sentir cócegas e passou a sentir umas picadas fortes, tão fortes que lhe dificultavam o andar. Sentou-se à sombra duma árvore, examinou a pata, mas não viu nada. Continuou a andar, porém sentiu uma picada tão grande, que até os pêlos se lhe puseram em pé.

- Ora esta! Parece-me que tenho o passeio estragado. - disse ele.

Voltou a sentar-se, observou minuciosamente a pata e nada viu.

Recomeçou a caminhada, mas a situação ia de mal a pior e cada vez sentia as picadas com maior intensidade, pelo que se sentou de novo e disse:

- Seja o que for, hei-de descobrir e não sairei daqui sem que isso aconteça.

Procurou, procurou... por baixo, por cima, por todos os lados e nada de encontrar fosse o que fosse. Mas de repente:

- Que coisa será esta a mover-se tão rapidamente? Afinal estou enganado! Não se trata de erva nenhuma! Cá para mim é um pequeno insecto.

Espera lá insecto atrevido, que já te trato da saúde!

Todavia, antes que fosse apanhado, o insecto desapareceu por entre o pêlo do Senhor Tigre e por mais que este procurasse, não conseguiu encontrá-lo.

- Não sairei daqui sem que te apanhe, bicho atrevido! Hás-de convencer-te da tua insignificância, pois comigo não levarás a melhor. - ia dizendo o Senhor Tigre, furioso e vermelho que nem um tomate.

Palavras não eram ditas, o Senhor Tigre ouviu uma grande gargalhada e uma vozinha fina a dizer:

- Olha, olha, o Senhor Tigre e as suas manias de importante! Lá porque é um felino e eu uma pequena formiga, está convencido que levará a melhor!


imagem do blogue de Gabriel Perissé



- Ó Senhor Tigre, muito maior que o Senhor é o Senhor Elefante, e há dias, numa situação semelhante a esta, não queira saber as voltas que ele deu! Parecia um pião; dava voltas e voltas, esfregava as patas no chão, fazia um barulho que até a terra tremia, mas só se viu livre de mim quando me apeteceu mudar de ambiente.

Sabe, Senhor Tigre, canso-me de estar sempre no mesmo lugar, por isso aqui estou hoje, passeando pelas avenidas do seu corpo. O Senhor tem um pêlo tão bonito, que dá gosto apreciá-lo bem de perto, e tão macio, que apetece senti-lo.

- Ficas a saber, insecto minúsculo, que até caluniei as ervas daninhas por tua causa. Se te apanho!!!... - disse o Tigre.

- Ah, ah, ah!!!... Isso é que era bom! Não apanha, não!

- Como te chamas, bicharoco atrevido?

- Chamo-me Formiga Mágica. Apareço e desapareço quando quero.

- Formiga Mágica?! Nunca ouvi tal nome! - disse o Tigre, admirado.

Estás a mentir-me, bicho atrevido! Aparece lá, para eu te conhecer.

A Formiga Mágica calou-se muito caladinha, deu mais umas voltas pelo corpo do Senhor Tigre, enquanto ele foi barafustando sem qualquer resultado.

Cansado de suportar as picadas da formiga, resolveu voltar ao rio, para se banhar de novo, pois, pensava ele, talvez a Formiga Mágica fosse rio abaixo com a força da corrente e assim deixasse de o importunar.

A caminho do rio encontrou o Senhor Esquilo e perguntou-lhe:

- O Senhor Esquilo já ouviu falar da Formiga Mágica?


- Já, já! - respondeu o Esquilo - Até já senti as suas picadas que não são nada agradáveis, e só consegui libertar-me dela ao fim de três dias, quando apareceu o meu amigo Guardador de Rebanhos, que interpretou uma linda melodia com a sua flauta.

- E o que tem a ver o Guardador de Rebanhos e a flauta com a Formiga Mágica? - perguntou o Senhor Tigre.

- Tem muito. A Formiga Mágica gosta muito de música. Quando ouve música, se estiver hospedada entre o pêlo de algum animal, sai imediatamente, para ouvir melhor. É capaz de ficar horas a ouvir música; fica mesmo até à exaustão e acaba por adormecer.

- Diga-me lá, amigo Esquilo, onde posso encontrar o Guardador de Rebanhos?

- Deixe essa tarefa comigo, Senhor Tigre. Ele não está longe e daqui a alguns minutos o Senhor estará liberto desse incómodo.

- Deus o oiça, Senhor Esquilo. Estou tão saturado, que até já perdi a vontade de dar o passeio que tanto me apetecia quando o iniciei.

- Deixe comigo. - disse o Esquilo.

O Esquilo partiu ao encontro do Guardador de Rebanhos que andava ali perto com o seu rebanho. Mal se encontraram e o Senhor Esquilo lhe contou o que se passava, disponibilizou-se para ir em socorro do Senhor Tigre.

Foi tocando a sua flauta pelo caminho e ao chegar ao local onde se encontrava o Tigre, tocou uma linda melodia que sabia ser do agrado da Formiga Mágica. Esta, mal ouviu a música, saiu do corpo do Senhor Tigre, deitou-se à sombra duma pequena pedra e daí a algum tempo adormeceu hipnotizada por tão linda melodia.

Só assim o Senhor Tigre conseguiu ver-se livre dela e pode continuar o passeio ao longo do rio, que com tanto gosto iniciara.


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