segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O PÃO-DE-LÓ, história de Ilona Bastos


Pela manhã, a mãe do David levantou-se, de caracóis revoltos, lavou as mãos e correu à cozinha.

Aí, ferveu o leite, que deitou sobre o chocolate em pó, cortou uma gorda fatia de pão-de-ló, e tudo dispôs num tabuleiro, com uma palhinha vermelha e um alvo guardanapo de papel.

Depois, foi a vez de acordar o David, ensonado, recusando abrir os olhos.

- Bom dia, filhote! - cantou a mãe. - Vamos acordar.

O menino murmurou:

- Não...

- São horas de levantar! - disse a mãe, olhando o relógio.

O menino voltou-se na cama e resmungou:

- Não.

- Olha que tens de ir para a escola e não deves chegar atrasado! - lembrou a mãe, destapando o dorminhoco.

O menino fechou os olhos com força e agarrou-se aos cobertores:

- Não!

- Ai! Ai! - zangou-se a mãe. - Tu não queres acordar e lá dentro o pão-de-ló não pára de reclamar.

- O pão-de-ló? - perguntou o David, abrindo os olhos.

- Sim, o pão-de-ló - respondeu a mãe, expedita. - Não sei o que combinaste com ele, mas insistiu imenso em falar contigo, não me deixou sossegada, e agora está na sala, à tua espera...

- O pão-de-ló! - exclamou o menino, de olhar brilhante, sentando-se na cama.

Depois, sorriu, maroto, estendendo os braços:

- Ajuda-me, mãe. Tenho uma reunião importante, agora.

- Sim? – perguntou, a mãe, aliviada, entregando ao filho a camisa e as calças de ganga. - Tens uma reunião na escola, com a professora?

O David torceu o nariz e acabou por soltar uma gargalhada:

- Não, mãe, não! Na sala, com o pão-de-ló!



1 comentário:

Unknown disse...

Que bonita!!!...
Parabéns, querida Ilona.
Beijinhos
Cremilde